A França dos dias de hoje, seguramente, deve muito à força simbólica daquela praça e daqueles homens. É, talvez, o país em que mais fortemente a greve se tornou um instrumento comum de protesto e reivindicação (diga-se, por vezes, de forma irritante e desproporcional), e onde o empregado tenha mais claramente consciência de si como sujeito e não como objeto das relações de emprego.
Voltando à origem, a grève não era vagabundagem nem privilégio naquela época. Era uma ação, a única ação possível para obter-se não apenas trabalho, mas a chance de uma vida digna. Parar na Praça de Greve era falar simbolicamente: quero trabalhar, quero uma vida digna. E esse fazer greve era objeto de uma leitura inequívoca por parte de quem detinha os postos de trabalho e via todos aqueles homens parados na praça.
Fazer greve também não é vagabundagem nos dias de hoje. Exige coragem, assumir riscos e enfrentar quem tem o poder prático, o único que realmente conta. Permanece uma decisão difícil com resultados incertos. Assim como naquela época, a imensa maioria quer apenas trabalhar e levar sustento para suas casas. Mas é preciso se fazer ouvir para poder esperar algo melhor ou conservar o que se conquistou. Ainda hoje, por vezes, é preciso parar para falar simbolicamente